Sunday, November 11, 2007

Relato patético de um mundo

E o cara da esquina me pergunta se eu sinto falta do meu mundo e eu, de bate pronto, respondo que sim, que quero de volta meu mundinho egoísta, aquele que eu domino e ajo sem receio de algo. E é nesse meu mundo que eu posso sentar na poltrona do ônibus e ficar, durante vinte minutos, olhando para a mini-saia da moça que tem o rosto da Rachel Weisz sem ter nada na cabeça. E ela não tem lugar para se sentar e você bem podia até lhe oferecer o seu lugar, mas prefere vê-la de pé, com as pernas bem esticadas, músculos enrijecidos. E o sujeito da padaria perto aqui de casa fica falando sem parar que o mundo não é bem assim - e eu, sem dúvida alguma, respondo que o meu é (ou era), que ele passa lentamente, slow motion para os leitores gringos, e que nele posso ficar um tempo enorme sentado na banco da praça para ver todo mundo entrar no ônibus e o quanto essa massa é por vezes desajeitada - menos a moça de rosto da Rachel Weisz. E eu sou obrigado a concordar com a balconista da farmácia que esse mundo foi embora no exato instante em que me vejo correndo atrás do ônibus com a certeza absoluta de que vai dar tempo, oh se vai.

E como é um trabalho de preguiça ficar escrevendo sobre isso.

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