Friday, June 11, 2010


(otavius, o peixe, em sua fase canastrão)

sei que dormia, e, no meio da noite, leonard cohen chegava e me contava que grupos planejavam matar um ministro. do país dele ou do meu? não ficou muito claro, acreditei ser o meu, pois se fosse no dele, provavelmente leonard cohen não viria até aqui para contar que grupos planejavam matar um ministro. cogitei até que poderia ser em um país da europa, mas depois de telefonar para anna sonietyva markovnikova, ela me garantiu que lá não era não. jurou depois que insisti (minha insistência se resume a um "e ai? e agora?"). ela desligou o telefone, provavelmente pelo preço que pagaria, liguei à cobrar para o telefone azul piscina que ela mantém no quarto, ao lado de um peixe otavius clarinus brochetch mendelevic carnilovic tchekov, residente em um aquário com algumas pedras, detalhes brilhantes que ofuscam um boneco de plástico em miniatura do mickey, cujas cores foram desgastadas pela ação hídrica - coisas da vida.
leonard cohen se foi antes que eu pudesse retornar a pergunta, deixou um gravador, apertei play, o que soou foi uma música do boy george em dueto com silvio caldas. escutei e esperei cuidadosamente que a canção chegasse ao fim, mandei brasa na mensagem que seguia, uma tradução de um texto do falkner, que, por respeito, aguardei até o final. em seguida, o seguinte:

a senhoril maria bernadete dos arcanjos cantava "we shall overcome". feitosa foi até o quintal, buscou o machado, ia bater na cabeça da mulher, ela percebeu. tirou os fones auriculares e percebeu.
- não senhor, assim não, vai com calma, com machado é complicado, já pensou na sujeira, e depois, o tempo que vai gastar lavando o assoalho que não é das coisas mais fáceis de limpar. e tem o sofá ainda, você não pensa em nada, eu tenho que pensar em tudo. manchar o sofá nessa altura do campeonato é pedir para ter problema o resto da vida. é isso que você quer? passar aperto limpando a casa? tá, tudo bem, você me acerta a fronte ou a cervical, mas e aí, tá lembrando que os panos, o sambão em pó, o sabão, o tanque, estão todos lá fora. e ai, meu caro? como você explica para o vizinho essa sua cara toda respingada de sangue? não vai colar qualquer desculpa que você tentasse dar. matar, tudo bem! mas pensa nas consequências, feitosa, pensa nas consequências. você pensa que é o que, um jagunço? menos, feitosa, menos. aqui não, vai fazer isso em outra freguesia, na casa da senhora sua mãe. você tem nessa cabeça o quê? um cérebro de andorinha? um castor? pelo amor de deus, feitosa, vê se cresce. o barulho que essa joça que você segura agora faz é impossível de não escutar. o haroldo mesmo vende aí umas automáticas, o calibre que você quiser. trabalhar que é bom para juntar dinheiro para comprar uma, ah, isso você não quer, não é? prefere a boa vida da rede, ou as adulações da dona mércia, não é? eu já falei com o heracles, se ele te pega, ai sim, você vai ver como dói uma esfregada, vagabundo! agora, vai, cai fora daqui (colocando, de volta os fones auriculares). parece que bebe, feitosa! você nasceu onde, rapaz? em uma quermesse?

feitosa, sem graça, segurava o machado com a mão esquerda, enquanto a direita insistia em coçar, inquieta, os cabelos que começavam a ficar mais ralos.

Sunday, May 09, 2010

mundo, mundo, vasto mundo, drummond não é livro de cabeceira, é de estante

é aquela velha história: uma menina queria abraçar o mundo e...
recomecemos, havia uma menina que queria abraçar o mundo todo em um só abraço...
reensaiando, uma garota queria ter o mundo todo em seus braços, mas mal sabia ela que a missão é complicada, o buraco é mais embaixo, é preciso saber que braço fraco, mundo pesado e o músculo se rasga, se esgaça feito tecido podre. ela perdeu os braços, sinto lhes dizer, perdeu o direito, o esquerdo ficou debilitado. quatro dias depois, gangrenou-se todo, foi embora. tiveram que enterrar os dois braços em um cantinho qualquer. na verdade, fui informado depois, colocaram mesmo foi em um vaso sanitário a carne em processo de putrefação, e foi tamanho o mau cheiro que pouca gente voltou no recinto. interditaram, para, cinco meses depois, implodirem. e soube-se depois que os membros pútridos foram parar em um riacho, que era nem tão bonito assim, mas que era fornecedor de água para uma plantação de esponjas-de-tomar-banho. meu tio rômulo usa dessas, usou uma, deu tudo errado, cagou-se todo e para limpar foi uma desgraça. trocando em miudos, fagulhas aqui e alhures, volta e meia e desce o rabo, cachorro que pouco late mantido a gengibre comeu alpiste servido pela tia joana, que, ao limpar os dejetos fétidos do marido, junto com ele pereceu e hoje, nesse momento, segue um funeral ao qual fui obrigado a filiar-me pelo simples fato de uma garota querer ter o mundo todo em suas mãos. não, não dá certo não, negócio é sentar na poltrona, acender um charuto londsdale, colocar no vetusto aparelho de vhs uma fita de 'querida encolhi as crianças' e esperar a tarde passar. se a apedeuta jovem soubesse disso (claro que não sabia), saberia que o melhor a se fazer é não querer tudo, o pouco já basta. olhar pela janela com um copo de vodca na mão, eis o que ela deveria ter feito.

Tuesday, April 27, 2010

puro mogno, talhadas a mão, personalizadas e entregues em domicílio

é que minha tia fabrica peças de xadrez em mogno, em exercício trabalhoso que não somente demanda um tempo que você com certeza tem e ela não possui, como também tem consumido bastante os áureos resquícios do que restava de beleza e bom-humor em sua face negligenciada por cosméticos da natura que alguma vez sua colega de faculdade, sem condições de pagar pela educação (ou que prefere o dispêndio financeiro com sandálias de pano, mariscos, quimicas ilicitas e shows do cordel do fogo encantado, enquanto nós, sentados no sofá, assistimos a two and a half men e comemos cookies comprados no supermercado que nossas mães insistem em afirmar que aprenderam aquela receita no programa da ana maria braga, e é nessas horas que torcemos para que estejam nesse horário nobre da programação televisiva o cordel, a amiga, os cds da ana carolina, os livros do rubem alves e seu "Amar é ter um pássaro pousado no dedo.
Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que,
a qualquer momento, ele pode voar", as frases do arnaldo jabor, os textos poéticos do pedro bial, jota quest, artesanatos e fogo, bastante fogo, mas claro, para não dar em treta, que fique só em pensamento), te ofereceu batom, pomadas antissol ou haxixe na hora do recreio. com educação, recuso os produtos piscando levemente a pálpebra esquerda enquanto que, com o olho direito ainda aberto, procuro me desvencilhar enquanto há tempo, ou enquanto o fogo desferido pela moça em seu exsudato resinoso seco, extraído do tricoma, das flores e das inflorescências da Cannabis sativa não carbonize o que ainda resta de prédio onde caminho ou as peças de mogno minuciosamente talhadas pela minha tia. se ela ao menos usasse o fogo no cordel, ou então, ao invés de natura, vendesse as peças de xadrez da minha tia, para poupar a prima aldair de ser fonte da publicidade:

Friday, October 23, 2009

igreja


precisamos de uma nova igreja, de uma irmandade. kurt russel tem no mínimo cara de mau, tá dentro; haroldo também, logo, pegue o crachá, pode se sentar ao lado e começar a limpar o pente lacrimoso de uma Uzi. por vezes penso que a terceira opção seria agatha christie da segunda fase dela, se um pouquinho mais acomodada pela bebida, não menos voluntariosa e esguia, com palavras e com a mão direita cujo backhand era temido em newcastle. por falar na cidade, alan shearer é o quarto e o quinto é david bowie, menos por suas peripécias contrasensuais, e mais pela maneira como escala uma sumaúma se visto de perto. pedem que sete sejam, arranjemos logo mais dois: escolho andréia beltrão para que escolhas de supetão caetano veloso (otávio votou em ulisses guimarães mas foi avisado minutos depois que ele havia morrido. otávio mudou-se para a birmânia, vive feliz com um ferreiro de mãos ásperas e de bom coração. esperam gêmeos para dezembro, graças às tecnologias da modernidade).

eis o dia em que maliciosamente deus fingiu ser feirante, vendeu quatro tomates e satisfeito voltou pra casa, onde não se sabe ao certo a localidade, mas logram êxito aqueles que afirmam ser próximo da malásia, embora alguns fariseus jurem estar na divisa entre piauí e maranhão, apesar de deus já ter afirmado não ser lá muito fã de calor. mas acontece, o que não falta é gente astuta e néscios arriscando seus palpites. ah, é preciso dizer, porque depois vão afirmar (cingindo a testa que eu sei) que não foram avisados, e choro é por vezes uma bosta, embora esse pequeno educandário se orgulhe de jamais ter usado outrora palavras que venham a agredir morais alheias, sobretudo daqueles que, sabe-se lá, são leitores assíduos dessa fina flor ainda emberbe e nada indômita que perdeu um olho em belfast - relaxemos e gozemos, como fazem todos os ministros em tempos de calmaria nos terrenos fecundos e austeros da planificada metrópole do gelo seco e da ausência perceptível de biquinis comestíveis (ah, velhos tempos!).

deus recebeu um regalo de david cronenberg e bebeu. minutos depois, já não estava mais como já esteve antes.

nunca deu muito certo essa de se formar esquadrão, mas, em alguns momentos, até funciona. funcionou uma vez em israel (mas isso nem vem ao caso), exitou na tailândia, mas no chile antes de ser chile, antes era uma sociedade secreta que nunca foi descoberta porque usou os incas como bodes expiatórios, acometeu-se em resultado deveras satisfatório. comandado por burroughs e jamelão (que deus - que sempre volta - o tenha) antes mesmo de qualquer palavra escrita, com a participação de alavancas que até hoje são questionadas quanto ao feitio, deu-se cabo no inimigo, que foi aqui esquecido propositalmente (favor pesquisar no site www.chileantes.com), falamos no de agora.

mas, em tempo ainda, é preciso corroborar que deus criou algumas cabras, e que passava todas as tardes com baldinho de inseticida na mão para tentar afastar gafanhotos. adiantar não adiantou, é preciso dizer, mas até que diminuiu um pouco os pernilongos, jovens e até na fase adulta, geralmente época em que ficam mais na expectativa de conseguir algum objetivo na vida que não seja o de morrer na idade média da espécie, jamais informada pelos cientistas.

o esquadrão está ai, formado, sai da terra mussolini, com ele sete ou oito que formam um exército que se de longe se apresentava vistoso, de perto mostra-se apenas com fardas sujas, mas cruéis. kurt russel deu dois tiros na cabeça de mussolini e resolveu a parada.

Sunday, September 27, 2009

gato

vendi um gato estraçalhado por uma pulga doméstica de origem magiar, que aqui e acolá acariciava alva epiderme do bichano infame, seja visto pelo vidro da janela quebrada por otávio, origem otomana sem reconhecimento civil, seja pelo reflexo do espelho, espectro de uma vida em comum de um couple à coté. miava e miou durante perplexos pinacócitos que ele sequer fazia ideia conter. o som infernizou tanto. vendi e venderia, sacrificaria, aí não sei, pois, pensando friamente, na hora da fome, não que me alimentaria de tal carne desagradável, mas, sabe como é, uma hora vespertina, nada para fazer, faca na mão, pão vazio, churrasqueira na varanda, do décimo sétimo andar. melhor vender.

Wednesday, September 09, 2009

dentadura

encontraram um problema simples, mas agora virou moda dificultarem qualquer extração dentária, ou transação imobiliária. nasci num tempo em que meu pai, podem rir, arrancava dentes e comprava algum ou outro imóvel. não ficou rico, é classe média, e muita gente boa (e ruim também) ganhou a chance de ter dentes mais vistosos. mas nem importa tanto essa informação, caros visionários. é até idiossincrático dizer mas me divirto muito mais vendo pessoas cochilando dentro do ônibus - algumas babam no vidro, outras quase resfolegam, empreendem movimento de caída estrondosa, mas investem o corpo ao nível de um ereto correto que mobilizam aquilo que eles reconhecem como não queda. mas o que ensaiava dizer, meus pigmeus, é que, se pegarmos bem pela memória, falha ou brilhante, o modus operandi do condutor do transporte público é lidar com essa eminência, e se cair, paciência, o cansaço é a parte do jogo, porque trabalhador move o país, com ou sem uma prótese bem remanejada daquele segundo molar (meu pai oferecia-me, também a minha irmã, os moldes dentários de outrem, sendo que, arrancava dente à dente, por vezes o canino mesmo, sem grande respeito por quem um dia teve aquela massa fumegante em seu orifício de origem blastópora (por que não? nem todos são oriundas de filos mais taxinomicamente involuídos, quiçá a grande parte dos estudantes de filosofia, antropologia ou qualquer ser que passe mais do que 40% de seu dia dentro de um laboratório - equipado ou não -, elevadores, plantões ou em tribos indígenas - algo que muitos irão convir e chamar de pena alternativa)). abro dois parênteses por simplesmente ser contra colchetes. opção de vida, não. sou contra colchetes, chaves, voilà, ei de entender que podem ter seu lugar, mas, outras notações lexicais (que na verdade nem o são), prefiro nem pensar, pois se não me trazem pesadelos, irão desconstruir todo um pensamento solidificado (e todos concordarão que é genial) durante duas décadas e quaisquer anos iniciados em uma década de 80 mesquinha, idiota, desintelectualizada, boçal, juvenil, dinâmica, imbecil, rude, palhaça, desgraçada, yuppie, carcamana, (com o parênteses de poder afirmar que o protoplasma não valia porra nenhuma, hoje, é todo valorizado, mas em época tal, era um reles liquidos sem organelas citoplasmática, ou pode ser que até seja o contrário, afinal, o que não falta é ribossoma nessa história maldita dos anos oitentóides, burocratas), tacanha, de protaclinios robotizados, mas que mesmo assim não tem a arrogância setentista, nem a morbidez desenchavida dos noventa. eis a explicação remota: imóveis comprados em cruzados voláteis, mas que valiam pela diversão de poder dormir milionário e acordar pedindo esmola no metrô. e foi exatamente dessa maneira que seu paulino bebeu um forte grappete, com tamanha desenvoltura, essa há de ser destacada, pelo simples fato de ter dilacerado parte da região periodôntica, de tal maneira que, a cada ossículo mandibular desarraigado, um novo apartamento se vislumbrava, mesmo que bitucas de cigarros defenestrados do sétimo andar signifcassem o famoso incêndio da planta hidrofóbica (e aí nem tem como salvar, fazer o quê?) do senhor pedro joaquim, vergonhoso do pretérito trabalho na panificadora da vetusta família mas que hoje ostenta a medalha de bronze das épocas vistosas de major.

Monday, July 13, 2009

surprise! the tv is on!

i have a bird in my head, but i have children, so, i lost my translation and i make fish in the breakfast. i didn't do the crime, i smoke pipe, just so.