Monday, January 29, 2007

Filmes Polvo

Quem já lê o que escrevo para o Cinecaolho, também pode conferir o que escrevo sobre cinema a partir do site do qual faço parte: www.filmespolvo.com.br . Assino a coluna Cinetoscópio. Espero que gostem. Grande abraço aos leitores!

Friday, January 12, 2007

Até a volta

É muito curioso de se pensar nessa comunicação via cabos ópticos, satélites, interfaces, computadores. A escrita em papel, desde os antigos papiros, era mais notória, menos ampla e sabia-se mais quem as lia e quem as escrevia. Sempre fui acometido pelo desejo de saber por quem sou lido, com qual freqüência. Curiosidade tola mesmo, quase sempre momentânea. Sinceramente, não faço a mínima idéia de quantos leitores possuo, se dois, três, cem, mil, nenhuma estimativa sequer. Sempre recebo comentários graciosos (ultimamente eles minguaram um pouco) e esses recadinhos sempre trazem uma profunda felicidade, pois percebo que aquilo que escrevo não tem sido em vão, não tem sido uma coisa somente para mim. Adoro escrever, assim como ler, a escrita é uma forma de tentar compreender melhor as coisas, de relaxar, mostrar que sente algo, uma válvula de escape para os problemas não só individuais, mas para os da humanidade. Quem é leitor já percebeu o quanto a insônia é presente na minha vida, às vezes amiga, às vezes odiada. É quase sempre durante a madrugada que escrevo. E é escrevendo que enfrento a noite, é escrevendo que passei a amar o céu escuro, as estrelas. Sinto-me melhor a noite que durante o dia, sinto-me mais produtivo, mais amante, mais visceral.
Parto para duas viagens seguidas e só retorno em fevereiro. Possivelmente não conseguirei escrever durante esse tempo. Sentirei muita falta disso, de ter esse contato com meus leitores virtuais, pessoas que acordam cedo ou tarde, que comem muita alface, que dirigem bem, que pegam ônibus, que circulam pela cidade movimentada ou observam o cair da tarde em uma cidadezinha de interior de um lugar qualquer, não importa onde e quando. Agradeço a todos esses leitores, ficarei com saudades. Até a volta.

Thursday, January 11, 2007

Sorriso

Sempre apreciei sorrisos. Largos, arcada dentária posicionada de forma retilínea, perfeição plástica de um momento sublime que não se consegue controlar. O sorriso sai sem que possamos segurá-lo, é espontâneo, às vezes sarcástico ou uma tentativa de se esconder o que a alma muitas vezes chora, lamenta. O belo sorriso cativa, angaria novos sorrisos, numa profusão de dentes e sentimentos ali vividos. Ao contrário de muita gente que conheço, nunca tive um sorriso bonito, daqueles bem bacanas. Dentes fora do lugar, ausência de alguns deles, nunca a posição certa do lábio, sorriso amarelo, tenso, de quem, apesar de tentar, ainda não aprendeu a verdadeira essência de como sorrir bem, sorrir barrocamente, cheio de ornamentos, sorrir sorrindo. Ao mesmo tempo, ele sai tão fácil, sem grandes esforços alguém consegue me fazer sorrir. Uma criança, uma piada infame, meu humor nonsense peculiar, quase tudo. O paradoxal do meu sorriso é que, por incrível que pareça, sei sorrir bastante, ele só não tem o mesmo encanto daqueles sorrisos que me cercam em casa, na rua, no cinema, nos bares, nos dentes, na língua, nos sabores, refrescantes, na vida.

Tuesday, January 09, 2007

Mais crise de identidade

Jogou tanto no jogo do bicho que passara a achar que tinha penas e que poste era urinol.

Caso consumado

Tentou ser o que não era até esquecer o que realmente foi.

Monday, January 08, 2007

Poesia frustrada

Pedras, pedras, pedras
no caminho, sempre no caminho
não, não sou Drummond
Seria muita pretensão de uma simples forma
que é mais gauche e menos poeta.
Querendo ser mais do que é
no sentido do que não é
Buscar o tudo sem antes compreender o nada
Achar o som e a forma
e ver que não obteve nada.
Se o agora fosse fácil, o passado não teria sentido
Cair na masmorra a procura de luz
é a pura ilusão de pensar de que tudo nessa vida vale a pena
sim, a alma pode ser pequena
até minuscula como um grão de areia, sei lá.
E antes que a escrita termine
que as palavras borrem o papel
a tentativa, mesmo que frustrada
é acobertada
em forma de poesia.

Wednesday, January 03, 2007

Sentido opaco

Acordou como sempre fazia, olhou-se no espelho e notou que estava fora do mundo. Mas como fora do mundo? Isso mesmo, fora do mundo, sentia-se não pertencente, alçava vôo no desconhecido, ou ele próprio passava a ser o desconexo. Como se o tempo, inexorável e cruel, o tivesse afastado de tudo, de todos. Mexeu no espelho, em vão. Deu uma voltinha e retornou correndo, a imagem era vazia. Encolheu-se no canto e colocou a mão em fronte ao vidro refletor, que não permitiu uma reflexão sequer. Ao esperar uma luz, um cenário imagético, a procura de uma reflexão, refletiu o quanto aquilo poderia auxiliá-lo. Passou a gostar da idéia, idealizava situações e proporções de seus atos. De repente se viu herói, adorou os poderes que agora lhe eram conferidos, podia qualquer coisa a qualquer momento. Mal sabia como começar. Resolveu começar do início. Mas começo de quê? Já estava acordado há quase uma hora, naquele estado, e o máximo que conseguira até o momento fora um monólogo besta com um espelho. Aliás, espelho que nem representá-lo conseguia. Se bem que ele não queria ser representado mesmo. Pensava em como seria a vida agora, sem os problemas do escritório, sem ter que discutir com a mulher ou montar toda aquela parafernália de jogos das crianças. Só de imaginar já era garantia de prazer. Hercúleo, show man, todo poderoso. Olhou pela janela e sentiu pena das pessoas que passavam na rua, pobres mortais. Uma senhora que tropeçava em si mesma, dois velhos jogando dama na praça, a monotonia em sua plenitude, o casal de namorados brigando na esquina, o caminhão de lixo com homens gritando gravemente a sua passagem, a grávida com uma sacola de compras, sem que viv'alma a ajudasse. Como era bom não existir, ser nulo. Sempre pensara que ser um zero a esquerda era o mesmo que loser. Pelo contrário, era um grande barato. Foi até a sala, a mulher não o percebeu. O regozijo veio logo em seguida. Fez barulho e nada. Graça divina ou seria ele um semi-deus? Calma, calma, se bem que... Melhor pensar em outra coisa, pequeno deus. Os pensamentos megalomaníacos se fundiram em um sorriso monumental. Riu alto, gargalhou, rolou no chão. Parou, viu que muito tempo se passara e ele ainda estava em frente ao espelho. O cachorro veio em sua direção. Será que havia se desfeito aquela sua "não-existência". O totó mudou o rumo e foi até o sofá, onde guardou um osso. De quebra descobrira as diabruras do canino. Melhor sair de casa, ver como as coisas funcionavam lá em baixo. A cada passo, uma nova experiência, andava sem preocupações, sem horário. Percebeu que o tempo para ele perdera o sentido. Viu que as pessoas não o enxergavam, nem mesmo sabiam o seu nome. Como saberiam seu nome se ele mal existe? Parou. Olhou para os lados em sinal de desespero. Foi acometido por uma amargura repentina. O descontrole emocional era iminente. Olhou para cima, para os lados, para as árvores. Nada. Na verdade, ele era o nada. O vazio tomou conta de seu ser. Sentiu saudades de tudo que perdera ao se olhar no espelho pela manhã, quis quebrá-lo, desejou ser reconhecido, começou a gritar, se jogou na grama, rolou no asfalto, se atirou na frente dos carros. Os transeuntes seguiam suas vidas. Não teve a dignidade nem de ser atropelado (como se isso fosse possível). A sensação era de terror. A pequenez era enorme. sentiu-se uma barata, mas lembrou-se que as baratas caminham pelos encanamentos, estão em todo lugar, causam transtorno. Ele não causa coisa alguma. Caminhou até um banco da praça e lá se sentou. As crianças estavam eufóricas em suas bicicletas. Invejou-as. Em certo momento, a chuva. As gotas caindo junto às lágrimas. Envolveu-se na atmosfera. Agora novo sentido? Talvez. A medida que a água caía, ele notava a quantidade dela que transboradava dos céus. Foi engolido por ela, seguiu o rumo das águas. Voltou a sentir-se um pouco antes de descer pelo canal do esgoto.

Monday, January 01, 2007

Reveillon

Fogos
Alegria
Música
Sorrisos
Mãos nas mãos
Abraços
Champanha
Euforia
E o mundo inteiro comemorando a chegada
de uma segunda-feira.