legitimidade no futebol

e eu fico pensando em futebol nos últimos dias, como é bastante legítimo o cara levar a bola para próximo da lateral e fazer várias firulas, passar o pé por cima da mesma, driblar, rebolar, humilhar - o esporte só tem graça quando existem a humilhação, o deboche, o cuspe na cara (se quer um esporte todo certinho, comportado, melhor procurar algo tipo hipismo, sapateado, tiro ao alvo). também existe a legitimidade do cara que vai lá e dá uma cacetada no brincalhão. e o juiz também tem toda liberdade de ir direto ao local e arrancar do bolso o cartão vermelho. e nada impede que você reclame e xingue o jogador, o juiz ou chore se seu time perder, é totalmente permitido e entendível. só não vá ficar todo amoladinho, irritadinho e nervosinho se o seu vizinho, seu colega de escola ou trabalho te chamarem de gayzinho - é legítimo, eles têm todo o direito, amparado por lei.

romário

foi-se embora o romário, menos gols de placa, oportunisto, menos ainda frases romarianas. as pessoas adoram o óbvio e por isso não são lá muito fãs do baixinho. todo mundo quer escutar o que interessa, o que é fácil, o que é imbecil, o que é conformista, comum, previsível. é mais tranquilo, não precisa pensar. e a maioria das pessoas quer passar longe de qualquer pensamento, preferem ler tolkien, anéis e demais adereços. e ficam debaixo do ar condicionado de qualquer loja desses shoppings de diamante - e lá, eu, se obrigado a entrar, vou me deparar com pessoas que, com toda sinceridade, não gostaria muito de conhecer. possui lá sua perna grossa, minissaia, mas vá lá, é bom ficar olhando (também não vai muito além disso). e tem a moça da loja de discos que diz que vou achar punk o último cd da avril lavigne (que felizmente não sei uma música sequer) ou o marombado da centauro esportes que vai me perseguir por todo o estabelecimento. odeio lojas de esportes, tudo caro, padronizado, pró-saúde, vegetariano, tudo anti-romário. o camisa 11 era craque dentro e fora de campo, sabia quando e como dizer as coisas. se diz o cara, talvez seja - sei que todo mundo do shopping com certeza não é, nem os caras, nem as moças. para não ser injusto, a rapaziada da limpeza talvez tenha salvação, mas só talvez.

desce mais, morena

De tempos em tempos acendendo uma vela para gregos e outra para goianos, na esperança de, quem sabe um dia, ficar rolando em um escorregador com a camila pitanga em pleno primeiro de abril. e de mentira isso nada vai ter.