Thursday, November 29, 2007

Chien

Mon petit chien était sur la table, presque mort. J'ai pensé que ça pouvait être quelque chose normal, mais, mon pauvre chien il y avait souffri un grand attaque du coeur. Mais, aujourd'hui, la medicine c'est très bien et mon chien n'est pas mort, il n'a pas de cheveaux et de tête, seulement ça.

Bird

He has a bird in his head. A little green bird, strong and behavior songs like a piece of opera or like anything you can't imagine. But you don't know that this bird maybe a thing like broadcast, you know? We are in NYC, baby, take it easy!

quintana

dessa vez fica com Mário Quintana a palavra:

"Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entanto, a cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio."


"Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?"

velho e bom quintana!

Monday, November 26, 2007

la rue

no olho da rua, inerte, submerso, quilos e mais quilos em cima da cabeça que parece um tijolo prestes a quebrar, romper, liquefazer o que ainda resta nessa cachola, caixeta encefálica que só se faz doer, encher, romper com aquilo, com todos, se afastar da humanidade, se cercar de travesseiros, cobertores, se encobrir de água, afogar no deleite de pensar que consegue tudo e tão logo perceber que nada é possível, dormir é preciso, viver não é preciso, padecer sob Pilatos, ser morto, crucificado, pedir pra nascer de novo, sem ter que descer ao inferno, pois por vezes ele é aqui, é agora, os pés queimando, burning, man, that's all folks, é isso aí galera, reclamem enquanto há tempo, tell your neighbor, ele nem quer saber, então, o que resta são os muros sujos da cidade noturna, cheios de teias, tetos, ratos, sapatos velhos, mas não há como fugir, como esconder, só resta naufragar, ver que o sentido não existe, ver que o fim ainda está longe, perceber que se não deu certo é porque ainda não se chegou ao final, ou não, sei lá, ausência de ponto, que seja de vista, perda do bom senso, se é que isso existe, querer sumir, deitar, chegar ao REM, três vezes ao dia, receita do doutor, revotril está aí para isso mesmo, tomai todos e bebei, o sangue já jorra e você nem faz idéia de onde vem, aonde escorre, desce, navega, se for preciso, é claro, nem sempre é conveniente, por ora, talvez o melhor seja encarar o meio da rua, passos largos rumo ao nada, sem rumo, é vero, sem transe, sem transa, sem amor, sem chão, sem ar, sem mar, inerte, parado, esperando o ônibus que não passa mais, que um dia vem, que um dia volta, que um dia acerta, e esse dia chega, tomara, sem precisar de fitinhas do Senhor do Bonfim ou de mantras visionários, o jeito é continuar aguardando, até quando, isso nunca se sabe

Saturday, November 24, 2007

talvez

quando sim tem uma cara de não e o talvez fica pairando, pairando, pairando...

Friday, November 23, 2007

modorra

E quando me chamam de modorrento, faço questão de ir para casa e dormir a tarde inteira, desligando todos os telefones do entorno. E quando você leitor vai começar a pensar que a preguiça não dignifica o homem, que ele vence pelo seu trabalho, pelo seu quinhão de participação na produção, eu fico na cama lendo Saul Bellow e depois vou para frente do espelho e fico me aproximando e afastando dele, estabelecendo um jogo de sedução que eu tenho certeza que não vou perder. Ganho sempre, daí pego a raquete de tênis e fico imitando lances de Pete Sampras e Roger Federer e sempre finalizo com um top spin, que só são encaixados genialmente por mim. Depois fico em frente à televisão vendo Frank Capra, rio, rio e me glorifico de que há essa tendência de se achar que todo mundo deve ser engrenagem. Enquanto pensam isso a janela do meu quarto é fechada, o ventilador funciona e eu escuto Amadeus, para deixar um pouco de inveja naqueles que adoram falar modorrento.

Wednesday, November 21, 2007

Três irmãs

Sentadas estão as três irmãs, o relógio na parede gira o cotidiano da família emparedada. Os pingos d'água na pia denunciam silêncio, a ratazana velha no passado remoto das quinquilharias da estante, livros ainda não lidos, mas já corroídos pelo tempo. E quando uma das três esboçou falar algo, logo percebeu que já era tarde demais, restava apenas olhar pela janela e ver que o dia era mesmo preto e branco, pelo menos por enquanto. Foi quando o ponteiro dos minutos parou e não restava dúvida alguma que estavam condenadas àquela mesma hora para sempre. E para sempre é algo que costuma durar bastante, pelo menos era assim.

Monday, November 19, 2007

cegueira noturna

da janela de frente a criança observa-me, observo-a
olhos, íris, pupila, córnea, cristalino,
nervos ópticos, cerebrais, cerebral
do momento relíquia do cotidiano comum, quem sabe um dia transparente.

no olho da rua está tudo aquilo que um dia pensei ser e hoje apenas ressoa]
lentamente
levemente
aparentemente.

Carlos escutou o choro e eu
bem, eu nada escuto
algo que consiga me deixar menos opaco.

olhos
córneas
veias
aparelho circulatório inteiro.

continuo na janela
a criança não
só a cadeira vazia da cozinha
não escuto algo
agora nada vejo.

Sunday, November 11, 2007

Relato patético de um mundo

E o cara da esquina me pergunta se eu sinto falta do meu mundo e eu, de bate pronto, respondo que sim, que quero de volta meu mundinho egoísta, aquele que eu domino e ajo sem receio de algo. E é nesse meu mundo que eu posso sentar na poltrona do ônibus e ficar, durante vinte minutos, olhando para a mini-saia da moça que tem o rosto da Rachel Weisz sem ter nada na cabeça. E ela não tem lugar para se sentar e você bem podia até lhe oferecer o seu lugar, mas prefere vê-la de pé, com as pernas bem esticadas, músculos enrijecidos. E o sujeito da padaria perto aqui de casa fica falando sem parar que o mundo não é bem assim - e eu, sem dúvida alguma, respondo que o meu é (ou era), que ele passa lentamente, slow motion para os leitores gringos, e que nele posso ficar um tempo enorme sentado na banco da praça para ver todo mundo entrar no ônibus e o quanto essa massa é por vezes desajeitada - menos a moça de rosto da Rachel Weisz. E eu sou obrigado a concordar com a balconista da farmácia que esse mundo foi embora no exato instante em que me vejo correndo atrás do ônibus com a certeza absoluta de que vai dar tempo, oh se vai.

E como é um trabalho de preguiça ficar escrevendo sobre isso.