Friday, November 23, 2007

modorra

E quando me chamam de modorrento, faço questão de ir para casa e dormir a tarde inteira, desligando todos os telefones do entorno. E quando você leitor vai começar a pensar que a preguiça não dignifica o homem, que ele vence pelo seu trabalho, pelo seu quinhão de participação na produção, eu fico na cama lendo Saul Bellow e depois vou para frente do espelho e fico me aproximando e afastando dele, estabelecendo um jogo de sedução que eu tenho certeza que não vou perder. Ganho sempre, daí pego a raquete de tênis e fico imitando lances de Pete Sampras e Roger Federer e sempre finalizo com um top spin, que só são encaixados genialmente por mim. Depois fico em frente à televisão vendo Frank Capra, rio, rio e me glorifico de que há essa tendência de se achar que todo mundo deve ser engrenagem. Enquanto pensam isso a janela do meu quarto é fechada, o ventilador funciona e eu escuto Amadeus, para deixar um pouco de inveja naqueles que adoram falar modorrento.

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