Tuesday, September 25, 2007

a parede

e o que tem me intrigado nesses dias quentes é a ausência de lagartixas na parede. o bichinho mimético, frio e ágil é sempre uma companhia razoável para noites quentes do verão seco de belo horizonte. onde quer que se olhe não se vê o reptilzinho, mas rachaduras na parede que se você observar bem vai perceber que elas levam ao casulo maior da proliferação de mariposas. e essas, pela ausência das lagartixas, insistem em rasgar vôo em direção aos olhos daqueles que, na sua insignificância diária, ainda pensam que a escrita pode aliviar qualquer coisa. o máximo que vai acontecer é você perceber que perdeu tempo digitando palavras narcotizantes enquanto as lagartixas saudosas migram para o panamá...

Monday, September 24, 2007

Ultimamente

Nos últimos tempos tenho colocado uma bacia de plástico na sala e atirado cartas com intuito de acertar o alvo em cheio. Tenho ficado cada vez melhor, meu draft é de 25/32 já. Quando me canso, vou até a geladeira, abro-a, observo o conteúdo, pego um sprite, volto até o sofá, atiro mais quatro ou cinco cartas, mas descubro que o melhor do dia ainda estar por vir: escutar Cole Porter enquanto fico no trânsito entre a CNN e os clipes da Christina Aguilera no Multishow.

Ford Sweet Ford

Se quer aprender cinema, veja muitos filmes de John Ford. Se quer fazer cinema, veja todos.

Sunday, September 23, 2007

Right now

Sempre vi bastantes filmes, mas tenho visto mais, uma quantidade assustadoramente grande sem uma temática ou relação que os una. Vou ao cinema com grande freqüência também, quase sempre de ônibus a escutar Cindy Lauper no mp3. Dependo do horário do transporte público e quase sempre chego com antecedência, sento-me em uma das mesinhas, bebo uma coca-cola e fico observando as pessoas que transitam enquanto ouço A-ha. Vou sempre nas sessões da tarde, por serem vazias e também para não pegar qualquer rush ou ter de escutar muitas buzinas - mas mesmo assim prefiro não ter automóvel, o imposto é caro, o combustível exorbitante e o stress dantesco. Não vejo muita necessidade de se ter carro, pois quase sempre tenho formas para voltar para casa que são menos onerosas, além de não me fazerem ter que ficar me desgastando ao pisar em freios e embrenagens. Em geral, faço caminhadas, como forma de exercitar-me e de observar as mais figuras que transitam pelas avenidas de grande movimento - as mesmas que passam por mim enquanto estou sentado na mesinha esperando a sessão. Gosto de observar trejeitos, modos de falar, conversas, roupas e estilos. Há seres suficientemente interessantes ou mesmo normais, mas eu prefiro os ridículos e bizarros. Uso a maioria desses personagens para montar histórias em pensamentos em que essas pessoas se tornam objetos de um universo no qual tenho controle das ações. Articulo as movimentações de modo a ressaltar cada uma das características patéticas, bizarras, estranhas para que minha história ganhe contornos esquizofrênicos. São muitas as situações temporais e em geral tenho de esperar muito tempo para o início do filme, logo, há intervalos para uma coca-cola, duas coca-colas, White Snakes, performances, personagens e precariedades da natureza humana. São sempre intrigantes as historietas, as sketchs, diálogos, atos, traços, feiura. Com o horário iminente da pelicula começar a rodar e ser movimentada pelas grifas do projetor, páro a cena em mente para retorná-la em ambiente propício, quase sempre o ônibus. A única vantagem da BH Trans é a de me fornecer a maioria dos meus personagens, é a mocinha do cabelo verde sujo em puro gel, o trocador tagarela, a madame que fala ao telefone para que todos nós saibamos que ela vai dar para o marido a noite toda e que ele comprou beterrabas, argila e acrílicos para usar durante o momento - se rolar, é claro. Tem também o menino maconheiro que esconde o bagulho debaixo do boné como quem pensa que engana alguém, quando na verdade até o cegueta da primeira cadeira sabe, através de sua miopia homérica, que aquele é o esconderijo mais imbecil que uma pessoa pode escolher para botar o pão de cada dia. Chego em casa e a primeira coisa que penso é em abrir Jorge Luis Borges, Gustave Flabert ou em adentrar logo os meios da web para poder ler Ivan Lessa, pois isso é bastante importante para o dia. Abro uma caixa de biscoitos dinamarqueses enquanto faço a leitura e de vez em quando espio pela janela a vizinha que toma sol no quintal de casa. Minha janela fica estrategicamente de frente à piscina, meu computador fica ali próximo, o que ajuda substancialmente para que eu possa colocar a lata made in Denmark sobre a cama e, sem grandes problemas, me concentre em ler wunderblogs, observe a vizinha e ao mesmo tempo aguarde os vários vídeos de esportistas européias (em geral romenas, russas, polonesas, tchecas e húngaras) e de stand up comedies sejam carregados no tubo você ou você no tubo ou entubando-te ou queres-ser-entubado-basta-ficar-vendo-todo-dia-esportistas-polonesas-na-internet. A única coisa boa da Cortina de Ferro é que ela atiçava nossa curiosidade, sempre queríamos ver mais romenas, polonesas, russas, principalmente esportistas, e, podendo-se escolher, tenistas e nadadoras. Fiz natação durante alguns anos da minha vida somente pela esperança de poder nadar ao lado de uma delas. Nadaria os quatros estilos, mas perderia rapidamente para poder sair da piscina e ficar vendo-a nadar, movimentar braços, pernas e cabeça, em valsas e danças dignas de Walkírias. Enquanto a vizinha toma sol e meus olhos se concentram na tela, o cenário é povoado por quadros de Rembrandt que são uma verdadeira pintura. Fico olhando para a minha raquete de tênis encostada na parede. Fico fazendo movimentos de back-hand que sempre foram my most important winner. Observo, pelos vídeos da internet, a empunhadura de cada uma daquelas moças de short short ou mini-dress, micro-tecido, poliéster, dry-fit que podem distraí-lo em relação ao lance. Pego a raquete e de frente ao computador repito o movimento tal qual ele é feito. Se ela emite sons, eu emito também e comemoramos juntos a jogada vencedora, somos uma dupla, somos os melhores e o filme girando em grifas sem que eu esteja na sala de exibição, talvez porque já seja tarde, pelo ônibus estar cheio, full life, pelas pilhas do mp3 estarem carregando à espera de mais um pouco de Cindy Lauper, enquanto saco junto de uma tcheca ruivinha e garbosa que ajeita um pouco o shortinho, antes de saltarmos juntos na piscina de frente à minha janela, observados por figuras da rua que juro não fazer questão nenhuma de lembrar, right now.

Tuesday, September 18, 2007

Futebol: O dia da foca

Se Kerlon tivesse visão de jogo e soubesse chutar e passar a bola como sabe equilibrá-la na cabeça, com certeza ele seria o Guilherme.

Isso não se faz, minino! coelho é um bichinho tão inocente, tranquilo!