Thursday, December 06, 2007

Estamos cercados, ilhados

Há várias formas de se descobrir um idiota e basta com que ele fale dez segundos para ficar nítido o quanto seu projeto de vida se resume a inutilidade de comentários e sua existência por si só já pode ser motivo para mau-humor. O idiota nunca se limita a falar apenas dez segundos, em geral abre a boca inúmeras vezes, expõe suas bobagens a todos, conversa alto, se agita e faz de tudo para se apresentar. O jogo de cena do idiota rude é o pior, ele faz questão de se mostrar o despreocupado, o rebelde, cospe, arrota, pauta toda sua narrativa infame com uma quantidade monumental de baixo calão, inutilidade colossal de palavras que não gostaria de escutar, mas que sou obrigado a perceber adentrar meus ouvidos a cada dia. E o idiota clássico se acha o máximo, super engraçado, o brincalhão, o fanfarrão, quando na verdade melhor seria se ele bebesse uma dose de martini com estricnina na primeira esquina. Alguém jogando a cereja dentro da taça e o vendo levar o nobre cálice até os lábios para que o líquido descesse garganta abaixo, bye bye, bird, tudo ao som da trilha principal de Patricinhas de Beverly Hills. E o idiota só iria tomar um susto - e continuar sendo o mesmo idiota de sempre. E vários Rolls-Royces de outros idiotas saíriam de faróis acesos pelas ruas da cidade em martírio, mas acabariam todos engolidos pela terra que um dia ainda irá comer meus olhos. Mas não devemos pensar que os idiotas são de todos ruins não, pelo contrário, me fazem confirmar que sou dos bons (ou menos pior), o mundo tem salvação, na cabeça do idiota - na minha ele está cercado deles, são os mesmos idiotas que jogam a casca de banana no chão, falam de cartões telefônicos, adoram curtir um som maneiro e fazem da boite o seu espaço, em seu estado neandertal. Os biltres nos cercam, eu os observo da minha janela e quando saio de casa eles insistem em sentar do meu lado, tentar comentar X men, posar de bad boy, quando, na verdade, mau mesmo é o cérebro que ele pensa ostentar na caixa craniana. Nobre ilusão!

0 Comments:

Post a Comment

<< Home