Deletérios
Nervos inquietantes, a bebida gelada que não mais refresca, a ansiedade que é moribunda, a astúcia que já se encontra nula, enquanto os ratos corroem tudo e todos, como nas ladaínhas de outrora. A máquina se perpetua, símbolo de um capitalismo vencedor que já se esqueceu de como a vitória é simples e a derrota também. Se a queda é brusca, os dentes se quebram, se a queda é mórbida, o gosto de fel exala por toda a boca até chegar ao fígado para se juntar a bilis, de mesma origem e paladar. Se o céu fica em cima, a escada ainda não foi obtida e se o inferno fica embaixo, talvez o engano tenha sido de Dante. Na tentativa de vida, a derrota, inflamada nos mesmo nervos que se acotovelam na esperança de parecer mais dignos e menos patéticos. Ao beber água do bebedouro, o medo é de se afogar, como se tudo já não fosse repleto de água até o talo. A morbidez da carne é a finitude do espírito, como se Comte fosse certo e o resto do mundo errado. O desespero do fim é o alimento do querer fazer. Se um dia acaba, que não se acabe com a tentativa em vão. Esperança chula de um tempo besta. Lúgubre lugar onde se tenta escutar o som seco de um mi menor. Sinestesia barata a procura de sentidos nobres. O medo de perder e de fracassar consome cada célula. Como se a derrota já não fosse o suficiente ou como se o desastre de cada um fosse maior que as mazelas da humanidade. A pequenez diante da situação contrái os músculos e deixa a respiração sincopada. O travesseiro que seria o último dos refúgios acaba se tornando o maior dos pesadelos.
1 Comments:
Muito bonito seu texto... queria não ter me identificado tanto com ele.
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