Passa...
Jogado no sofá tal qual um bicho, a cabeça encostada na parede, os pés vestidos por meias furadas estão no chão, ainda frio. Tudo o que mais desejava era que o tempo passasse, passassem horas, dias, anos. Mas não passa. Poderia aproveitar esse tempo para fazer o que precisava, as obrigações que sempre ficavam para última hora. Mas o máximo que conseguia era movimentar uma perna ou outra e respirar. Encostado, jogado às traças, tentando tentar, achando que o tempo passa de acordo com seu desejo. Mas não. O tempo é relativo. Quando seu time precisa marcar o gol, o tempo voa, quando a situação é contrária, o tempo parece se esticar. O tempo deve ser feito de borracha, alguma coisa que se possa moldar. Aquele tempo, começo da juventude, de ficar esperando ela chegar. Os olhos não saíam dos ponteiros, que pareciam querer contrariar tudo aquilo. Sempre o charme do atraso. Expectativa, coração em pulos. A dúvida, emoção juvenil. Tudo para que o beijo dure alguns minutos e o tempo, sempre ele, passe feito uma águia no céu. Como queria esse tempo efêmero agora, mas só conseguia olhar para o teto e pensar, em nada, em tudo, no tempo...
1 Comments:
E que rica "arma" é o português, meu amigo do outro lado do Oceano, quando queremos gritar com a alma!Gostei muito de conhecer o seu blog, desde logo pelo tratamento fantástico que dá à lingua de Camões, tão diferente daquele a que estou acostumado aqui em Portugal, mas também porque é garantia de que a criatividade não tem fronteiras. Continuação de um bom trabalho e cumprimentos.
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