Tuesday, June 12, 2007

Saudades

Hoje fui acometido por um sentimento de saudade. Saudades da infância, saudades de bons momentos vividos, saudades de paixões que deram ou não certo, saudades das minhas tentativas, erros e acertos, saudades do tempo. Já virou um clichê falar que a palavra saudade só existe em português. Talvez devido a nossa capacidade cognitiva de recordar com maior intensidade. Português, uma das línguas nascidas do latim, cheia de vogais, sons abertos, palavriado nobre, forma romântica ou realista de se expressar, literatura em português, idioma repleto de adjetivos, sinônimos e palavras, ideal para um pobre diabo que encontra na noite a melhor hora de falar através de sílabas e notações léxicas. E como há saudade nos livros que li na infância, na adolescência ou há pouquinho tempo atrás. Senti saudades do meu blog, tão abandonado que até eu, por um determinado espaço curto de tempo, esqueci que existia. Mas estou aí de volta, com a promessa de permanecer mais frequente, mesmo sabendo que promessas foram, na maioria das vezes, feitas para serem quebradas. Saudades das músicas que quis dançar e não dancei por puro desajeito. Saudades do calor (que detesto), só pra poder pular em uma piscina e tomar sorvete. Saudades dos doces, bolos, biscoitos e comidinha que somente as avós e as mães são capazes de fazer. Saudades da bicicleta que só andei uma vez ou daquela partida que o meu time goleou. Saudades de amigos que há tempos não vejo ou de amigos que acabaram ficando apenas na lembrança. Saudades de outros amigos que não fiz ou daqueles que um dia fiz e hoje não passam de velhas lembranças lembradas na velha fotografia. Como foram bons os momentos em que estive cercado de pessoas ou aqueles que o silêncio era a melhor companhia. Saudades de lágrimas, risos e sorrisos banguelas daquele tempo em que a inocência imperava. Saudades de lágrimas, risos e sorrisos completos de épocas impossíveis de esquecer. Nas faculdades mentais responsáveis pelas lembranças estão várias mulheres, amores e prazeres que um dia existiram. Saudades dos filmes que me fizeram chorar, rir, sentir, viver, expressar, escrever e rever. Saudades da chuva, de café ou chocolate. A saudade está intimamente ligada a capacidade de lembrar - amarcord, que em italiano é algo como me recordo e interessantemente possui em seu começo a palavra amar. Espero um dia não ter saudades de lembrar, pois aí já seria tarde mais para tudo.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Bem, tem uma pessoa que me chama de 'menina saudosa'... então creio que qualquer coisa que eu disser seria apenas me repetir. De qualquer forma, compartilho da catarse e pode ser que eu a viva a tempo real, com saudade do que há agora como se em qualquer momento não estivesse mais e pode ser que por isso eu perca. E sinto saudade daquilo que ainda não foi também. Voltei, mas não sei se permaneço. às vezes quero acabar com o blog pra parar de sofrer de achar que não sei escrever lhufas... às vezes dependo dele pra fazer um desabafo esquisito que já foi incumbido ao ursinho que por não responder causava conforto... mas preciso dele, é fato. Adorei seu comentário lá... espero que se já lhe causei lágrimas, que sejam das boas de chorar. Pois enfim... além de saudosa, eu choro pra burro... e burra talvez. Beijo carinhoso e fique aqui... sai mais não.

June 13, 2007 5:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

Acho que o certo ali seria "em tempo real", mas whatever... releva que eu escrevi num sopro só.

June 13, 2007 5:58 PM  

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