Dona Maria Quitéria
Dona Maria Quitéria, que disfarçava a corcunda com o paletó de lã, era nossa professora de história na quarta série. Ela se parecia muito com o Tostão - o que jogou no Cruzeiro -, ainda mais por sempre afirmar que havia sido um bom meio-de-campo nos seus tempos de colégio interno. Ela realmente demonstrava uma certa malevolência de quem sabia conduzir bem os ataques do time, demonstrava muito fervor na Irmandade Com Cristo e em Cristo, além de carregar na bolsa um retratinho de Jesus com óculos Ray-Ban, adquirido em Feira de Santana na época da ditadura.
Dona Maria Quitéria, já no início de cada aula, nos fazia rezar o "Pai Nosso" em latim. Depois ligava o toca-fitas baixinho, sempre tocando Sex Pistols - ajudava a fazer o horário fluir. Nos seus 62 anos de vida, a nobre senhora já sabia e afirmava que chineses fizeram comércio ilegal com a colônia de Portugal.
- Chineses entravam nisso aqui, faziam maiôs de cocô e colocavam nas índias, criaram escola de samba, apuração final e um monte de sambas-enredo boçais - Dona Maria Quitéria em cima da mesa, sambando ao som da trilha sonora de Ferris Bueller Day Off.
- Mas com a chegada do pessoal da Islândia, a coisa desandou, como todos sabem (por conta da carta de Pero Vaz de Caminha), os chineses encolhem na presença de islandeses - sempre concluía, acendendo um charuto cubano e assoprando a fumaça na cara da mulata Alessandra, que vendia órgãos humanos para sustentar suas fantasias de carnaval. Valeu a pena, hoje é madrinha da bateria em Niterói.
Mas era no final das aulas que ela realmente se superava, pegava uma velha fita e colocava no VHS. Nela uma velha historinha pornográfica russa, dos tempos do Czar Nicolau. Ruivas de seios fartos, bem maquiadas, morenas arrebitadas, lençóis que voam em direção à câmera. Um czar com a cara do Espiridião Amin entra no meio da esbórnia e se apodera, se esbanja das meninas soviéticas. Muita gente da sala raspou a cabeça na época e dorminaram Madame Gessilda, bibliotecária.
No final da aula, Dona Maria Quitéria distribuía calendários de muié pelada, eram japonesas, tchecas, alagoanas. Dava inclusive para as meninas da turma, por questão de igualdade. Sempre primara pelos princípios da igualdade e da decência. Ao passar pela saída, ajeitava o paletó, segurava a saia e com uma taça de martini fazia um brinde ao quadro da Santa Ceia localizado no pátio da escola.
Guardo meus calendários até hoje, como Dona Maria Quitéria sempre pediu.
Dona Maria Quitéria, já no início de cada aula, nos fazia rezar o "Pai Nosso" em latim. Depois ligava o toca-fitas baixinho, sempre tocando Sex Pistols - ajudava a fazer o horário fluir. Nos seus 62 anos de vida, a nobre senhora já sabia e afirmava que chineses fizeram comércio ilegal com a colônia de Portugal.
- Chineses entravam nisso aqui, faziam maiôs de cocô e colocavam nas índias, criaram escola de samba, apuração final e um monte de sambas-enredo boçais - Dona Maria Quitéria em cima da mesa, sambando ao som da trilha sonora de Ferris Bueller Day Off.
- Mas com a chegada do pessoal da Islândia, a coisa desandou, como todos sabem (por conta da carta de Pero Vaz de Caminha), os chineses encolhem na presença de islandeses - sempre concluía, acendendo um charuto cubano e assoprando a fumaça na cara da mulata Alessandra, que vendia órgãos humanos para sustentar suas fantasias de carnaval. Valeu a pena, hoje é madrinha da bateria em Niterói.
Mas era no final das aulas que ela realmente se superava, pegava uma velha fita e colocava no VHS. Nela uma velha historinha pornográfica russa, dos tempos do Czar Nicolau. Ruivas de seios fartos, bem maquiadas, morenas arrebitadas, lençóis que voam em direção à câmera. Um czar com a cara do Espiridião Amin entra no meio da esbórnia e se apodera, se esbanja das meninas soviéticas. Muita gente da sala raspou a cabeça na época e dorminaram Madame Gessilda, bibliotecária.
No final da aula, Dona Maria Quitéria distribuía calendários de muié pelada, eram japonesas, tchecas, alagoanas. Dava inclusive para as meninas da turma, por questão de igualdade. Sempre primara pelos princípios da igualdade e da decência. Ao passar pela saída, ajeitava o paletó, segurava a saia e com uma taça de martini fazia um brinde ao quadro da Santa Ceia localizado no pátio da escola.
Guardo meus calendários até hoje, como Dona Maria Quitéria sempre pediu.
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