Wednesday, March 19, 2008

carta

No front em frente ao lado esquerdo daquilo que ficou convencionado esquerda do mundo, longe e gelado, grande, continental, tentando escrever uma carta para quem no continente também está, um pouco de água é bem verdade, mas pouquinho, balsa ou baldiação talvez resolvam; carta de começo meu bem, te amo e quero te ver, mas só vejo escuro, escuridão de palavras no papel arranhado do front, dos barulhos que me impedem de achar o melhor para essa carta que é escrita em momentos de exércitos combatentes que fazem da neve vermelha, róseo como a rosa que queria mandar-te, mas vidros cortam as rosas e as rosas cinzas não são tão boas de se oferecer, ainda mais para ti que não pode ver o espaço metálico, céu de estrelas esfumaçantes e o pó invade e impede a carta de seguir, do tiro do além, luz que não se quer ver, se sente de impacto que é, tempo de sono e pesadelo, visão duplicada e a esfera implacável do dúbio pensamento de lutar ou entregar, se é que a carta vai ser entregue até o amanhecer ou se fica ali, confundida no meio de estranhos estrangeiros ou nas bacias que limpam o que já se sujou demais, menos o amor, que brota de tudo, até de pedras ou dos sons mistos do fim das coisas que sempre dão início a outras, círculo de fogo e de gênese. O grafite acaba, traz o amor e o dia acaba de raiar.

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