Cotidiano Nefasto
Diria Machado de Assis que o caro leitor se pergunta onde estará o fio da meada. Em nome do grande escritor e de tantos outros questionadores, eu diria que o fio faz a conexão entre telephones (olha o ph novamente) e a tomada. Devaneios bestas à parte, o ilustríssimo personagem se encontra no momento de frente para a latrina. Isso mesmo, ato simples do cotidiano nefasto dos nobres bon vivants como dizem os franceses e adotam os brasileiros em seu já enorme vocabulário daquela que foi a última língua derivada do latim. Ora pro nobis, amén. Orações e credos para outra ocasião, pois sobre o tema se escreve um livro ou pseudo-livros como fazem Coelhos e Browns, ou marrons. O fato é que o caso da latrina já foi resolvido e a função orgânica concluída. Os detalhes, é claro, serão poupados àqueles que tiveram a paciência do bíblico Jó para chegar até essa parte do texto. Preso aos ínfimos desejos, desejoso de recomeçar tudo, começo esguio e perigoso, infelizmente não há nada o quê fazer. O melhor é servir mais uma xícara de café, sentar no sofá grená e esperar que os sons sonoros da próxima ópera de Verdi ou Puccini adentre os ouvidos até fazer vibrar a bigorna, passando pelo estribo e martelo. Palavras continuam a sobrevoar a espera de que caiam em um livro de Lispector ou Tolstoi. Se houver muita sorte Morpheus fará sua visita e proporcionará ao nosso aspirante anti-herói do nada (Dom Quixote ao menos possuía moinhos como parque de diversão e Sancho Pança como a diversão própria) o fechamento dos olhos e a emoção do sonho. Metáfora de um cotidiano nefasto. O Deus grego do sono ainda bem apareceu. A letargia foi possível. Ora pro nobis, my friend.